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Penso o que não devo
Sou o que não quero
Faço o que quero mas não devo
Não faço e desespero.
Não digo o que penso
E tento ser o que não sou
Não consigo e desisto
E por fim tudo acabou.
Palavras que saem da minha boca
Serão truques? Sentimentos?
E porque não momentos?
Apenas espinhas de uma alma oca.
Me questiono se sou grande
Meu corpo sim, eu não
Por aí, grandes, quem são?
E eu respondo, quem tem coração.
Me sirvo do meu corpo, com um fim
De me materializar e realizar
Um sonho de pequeno quando era nada
Triste, pois ainda nada sou neste meu estar.
Me vez? Não, vez meu objecto
Objecto de carne e de olhar
Carne que um dia apodrecerá
Olhar esse que um dia se apagará.
Do nada vim, para o nada vou
Nada fui e nada sou
Se serei?… não sei
Apenas sei que ainda não acabou.
Completo por um vazio de crueldade
Feito e largado por minha alma
Assim fico eu neste mundo de maldade
Me transformando num pedaço de humanidade.
Meu sangue amargo de vontade
Abandonado de qualquer bondade
Corre e transporta a minha vida
Através de uma ponte já caída.
Talvez eu esteja só arrependido
Por não ser alguém que gostava de ter sido
Ou talvez esteja apenas perdido
E envolto numa vida sem sentido.
Esta mente de problemas
Que me escapa entre os dedos
Conduz-me através de esquemas
Ao longo de uma estrada de medos.
Tento não querer o mal
Disfarço mas não deixo de o sentir
Maligno e cruel sentimento
E que o arrependimento me dá a descobrir.
Sozinho e recostado me ponho a pensar
Lembrar, recordar e por fim chorar
Lágrimas não dos olhos mas da alma
Alma não feliz mas a tentar.
Minha imagem quem a vê?
Nem o próprio espelho a sente
Nem a própria sombra a segue
E nem ela própria o desmente.
Existe um dia para começar e outro para acabar
Uma hora para sorrir e outra para chorar
Um minuto para construir e outro para desabar
Mas apenas um segundo para tudo mudar.
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