sábado, 19 de junho de 2010

Turma

.
Onde momentos bem passados
Tornam outros mais apagados
No livro em que escreve a história
De uma turma que fica na memória.

Saudades e recordações perduram
Em corações que setas furam
Setas que apontam caminhos,
Diferentes mas não sozinhos.

Pois cada um de nós sempre terá
A esperança de que um dia tornará
Ao ponto de partida para encontrar
Os amigos que nunca deixou de amar.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Penso

.
Pensar que penso
Saber quem sou
Mais do que onde estou
Andar pelo mar denso
E esquecer para onde vou

Pois derivo sem destino
Onde por destinos desatino

Estarei perdido
Ou apenas desiludido?
Nem sei se por onde passo
Deixo ou roubo espaço
Onde já ele, vive escasso

(Ser realmente importante
Que num simples instante
Se entra numa vida desinteressante)

Não sei se sou assim
Ou se me imagino ser
Alguém que entra sem temer
Na casa de quem não acredita
Que é possível dizer sim
A um caminho que não interdita
O nosso verdadeiro ser.

Pétalas

.
Leves pétalas voam
Da flor inocente escolhida
Levam ao horizonte a vida
Dos sons da vontade que soam
Do grito de alguém que espera
Ser ouvido onde não era

Para onde vais, tu sonho
A coragem a ti imponho!

E o vento que te faz voar
A esperança se deseja ser
De não te deixar morrer
Sem esse destino alcançar
Pelo menos esse desejo
Onde nele irá um beijo

Beijo de força e energia
Beijo de paz e alegria!

Coragem que em vão não morre.
Folhagem que impede a visão
Da luz que puxa da escuridão,
E do mal para o bem se corre
À procura de quem o olhe
O aceite e o acolhe

Vontade que perdura viva
Uma força que nos cativa!

Nem todo o grande
Assusta e não responde
Resmunga e até esconde
Onde por ele mesmo ande
Passos que também se pode dar
Sendo-se pequeno no mesmo andar

Mas todo o passo é possível
Se temos vontade que seja visível!

O conhecer traz ajuda
E conhecer quem conhece
Dita numa leve prece
A oração que te muda
De um conhecido por não se conhecer
Para um conhecido por a ele se ver

Agarra as pernas dos grandes
Não para os travar mas para que também andes!

E a humildade que perdure
Quando se encontra a luz
Que se espera, não ser a cruz
Onde a voz morre e a dor dure
Por não saber ser-se quem era
Quando, como bons, o bem se fizera

Segue por entre atalhos e labirintos
Sempre fugindo dos “lobos” famintos!

Aparecem as indesejadas dificuldades
Que enlameiam os nossos passos
E tornam os nossos olhos baços
Roubando assim a facilidade
Mas também esta não se deve querer
Para que a fraqueza não se tenha que temer

Realizar os sonhos sem esforço
É como estar sem água um fundo poço!

Preservar quem sempre fomos
E alimentar a nossa fé
Manter os sonhos de pé
Sem porquês nem comos
Que só saqueiam a esperança
A vontade e a confiança

Agora, em pequeno, sonhas o que viverás
Luta como um grande e essa vida, um dia terás!

Poetizar

.
Sentir o que se escreve quando se escreve
É temer por não se escrever o que se sente
É espreitar o engano a nós próprios
É entrar pela porta que nos mente.

Pois no momento em que o lápis desliza
Marca a alma com uma pura linha
Deixa parte sua na folha lisa
Onde por traços tortos ele em paz caminha.

Palavras que por vezes vazias de sentido
Pobremente seleccionadas sem porquê
E ligadas umas às outras num som unido
Cantam uma harmoniosa melodia que se vê.

Entenda-se a simplicidade das letras
Entenda-se as suas conjugações num verso
Que expressam o pensar das emoções
Que de um corpo ou alma são o reverso.

Toda a mesma história continua
Saltando de degrau a degrau até ao chão
Descendo as escadas de uma vida partida
Dando acesso aos escuros confins do coração.

E lá no fundo onde a escuridão impera
Vivem os segredos que as palavras decifram
Vivem os medos que o sonho dissera
Serem guardados em retratos apagados.

Mas tudo irremediavelmente tem um fim
Onde tudo acaba e deixa na memória
A recordação de uma poesia assim
Que canta aos deuses sua lírica história.

Ser-se

.
Como o tempo passa tranquilamente
Ninguém pode nada apenas se sente
Os dias contando e as horas correndo
Luzes apagando e pessoas morrendo
Tudo isto com explicação:
Não se pode dizer não.

Efémera vida que a todos nos calha
Cana verde que se torna em palha
Para quê contrariar a Natureza
Se ela sem medo actua com leveza
Sendo tarde ou cedo
Ela nos mata sem tristeza

Ingénua luz a das baixas plantas
Oh inconsciência tu que me encantas
Habitas a erva e até mesmo o animal
E porque com a pessoa não ages igual?
Não digo a todas nem sempre
Só não quero que a dor entre

Mas o próprio saber de que se sabe
Não é mau de todo e até em nós cabe
Infelizmente só sabendo se sabe a dor
Do que é ser-se Homem e não uma flor
Ser-se e não apenas ser
Ver-se e não apenas ver

Ter alma, grande responsabilidade
Ter calma, grande estabilidade
Pois a vida baseia-se em alterações
Diferentes sentimentos e acções
Que fazem nós quem somos
E nunca mais seremos quem fomos

Ser humano não é apenas ser vivo
Não é apenas viver pelo simples motivo
De nascer crescer e por fim morrer
Não é apenas, de pessoas, chamados ser
Ser humano é também ter consciência
Da dor que implica a nossa existência!

sábado, 5 de junho de 2010

Rio

.
Vem sentar-te onde estou
Onde estou e onde fico a olhar
O tempo passar e dizendo-me:
Que tendo-me com ele, ele escolhe
E me acolhe nas suas asas
Que são casas para almas nuas

Vem sentar-te aqui comigo
Onde contigo quero estar
E aproveitar o ar que respiro
E suspiro por medo eu ter
De perder o que me dá vida
Que embora perdida, tenho-a

Tenho-a agora á beira-rio
Onde do frio ela é amiga
E da cantiga que me assusta
Porque me custa acreditar
E aceitar a melodia do adeus
Que em sonhos teus, vou cantar

Oh rio como tranquilo corres
E morres quando encontras o mar
Não consegues parar e eu andar
E fico imóvel a pensar na solidão,
Das margens e do chão, sem ti
Aqui para as molhar com teu passar

A água que tu representas
E me apresentas é o tempo,
É o templo e o exemplo da vida
Que sem outra saída segue em frente
Ausente de qualquer recuo
E amuo por esse não estar presente.