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Sentir o que se escreve quando se escreve
É temer por não se escrever o que se sente
É espreitar o engano a nós próprios
É entrar pela porta que nos mente.
Pois no momento em que o lápis desliza
Marca a alma com uma pura linha
Deixa parte sua na folha lisa
Onde por traços tortos ele em paz caminha.
Palavras que por vezes vazias de sentido
Pobremente seleccionadas sem porquê
E ligadas umas às outras num som unido
Cantam uma harmoniosa melodia que se vê.
Entenda-se a simplicidade das letras
Entenda-se as suas conjugações num verso
Que expressam o pensar das emoções
Que de um corpo ou alma são o reverso.
Toda a mesma história continua
Saltando de degrau a degrau até ao chão
Descendo as escadas de uma vida partida
Dando acesso aos escuros confins do coração.
E lá no fundo onde a escuridão impera
Vivem os segredos que as palavras decifram
Vivem os medos que o sonho dissera
Serem guardados em retratos apagados.
Mas tudo irremediavelmente tem um fim
Onde tudo acaba e deixa na memória
A recordação de uma poesia assim
Que canta aos deuses sua lírica história.
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