sábado, 16 de abril de 2011

Formas e Maneiras

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Espelho, meu espelho, o que vejo em ti
É uma mistura na qual eu me perdi
Não é mais que incógnitas e incertezas
Que fazem do ser que agora reflectes
Um saco opaco repleto de tristezas;

Confesso que por vezes não me reconheço
Mas de uma coisa sei e não me esqueço
Mudo tanto que quase mudo a mudança
E isso mesmo talvez seja ou não a causa
Da diferença e da falta de confiança;

Invento-me de tal maneira estranha
Ridícula ou não, sou capaz dessa façanha,
Conjugando-me entre formas e maneiras
Perco o cerne próprio que me constitui
E moldo-me em função das minhas asneiras;

Perdoai-me a rudeza com que vos recebo
Mas não pensem que disso não me apercebo
Sou-o não porque sou mas porque escolho
Escolho simplesmente sê-lo sem razão
Um ser que não se é quando olho-a-olho;

Se é protecção ou não, não o confirmo
Nem prometo que toda a frase que afirmo
Seja a mais sincera que pudesse invocar
Do ínfimo buraco que de mim é eterno
Que de verão ou inverno, nele irei afundar.

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