sábado, 16 de abril de 2011

Manhã

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Vivo ainda, na curta manhã da vida
Enquanto o sol tenta despertar da noite
Não é, senão mais, que uma corrida
Um dia inteiro a percorrer sem erros,
Um caminho de obstáculos cheio
Em que, bem lá do fundo alheio
Sorteia quem pode ou não passar
Pelas barreiras naturais a enfrentar;

Não sei mesmo o que sequer é viver
Mas também, quem como eu pode dizer
Conhecendo só a manhã e pouco mais
Que sabe o que é a vida, sem sinais?

São as primeiras horas do dia
São os primeiros passos sozinho
Sou a criança que sem saber corria
Para um abismo malvado e traiçoeiro
Sem que alguém me deitasse a mão
E me arrancasse agora a recordação
De um obscuro precipício de cegueira
Que se aproxima dos pés pela soneira;

Um sono, uma ingenuidade genuína
Um horizonte ainda baço pela neblina
Assim é a manhã em que hoje vivo
Enquanto da vindoura tarde sou fugitivo.

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