domingo, 24 de janeiro de 2010

Chuva

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É de noite e sinto a chuva chegar
O vento arrasta-a do horizonte para mim
Vem na minha direcção com a intenção de me molhar
Aceito a natureza porque a natureza é assim

Uma grande tempestade se avizinha
O frio chega e arrefece o meu olhar
Sinto fugir-me o calor que tinha
Sinto perder o meu bem-estar

Esta brisa húmida que molha minha cara
Disfarça as lágrimas que caem do meu rosto
Noite seca de água pura que não pára
Faz uma pequena luz servir-me de encosto

Luzes de calma e paz que aqui escasseiam
Dão-me o fio de esperança onde me seguro
E os pensamentos perdidos que em mim passeiam
São a única fonte de vida onde eu me curo

Noite que me envolves simpatizo contigo
Eu e tu somos um só que não se une
De ti tenho a paz e de mim o castigo
Que me torna forte e á dor imune

Será que esta tempestade acabará um dia?
Será que se manifesta dentro de mim ou lá fora?
Quando o sol brilhar e aquecer esta alma fria
Vou finalmente poder dizer, sou feliz agora

Sou um mero pescador de pensamentos
Onde o mar faz-se de mente e sensações
E as palavras perdidas neste universo de tormentos
São para mim o que eu chamo de emoções

Mar negro onde navego vive sem vida
Aqui não se vê luz mas ainda é muito cedo
As palavras abrandaram e acabou a corrida
Uma sensação aí vem e da tristeza eu tenho medo

Sinto as águas zangadas por baixo de mim
Vejo os pássaros das árvores esvaziarem os ramos
Algo de errado comigo se passa que não chega ao fim
Oh! Pássaros porque não juntos voamos?

Levem-me para longe, para onde eu não me veja
Dêem-me o dia que acabou com o chegar da consciência
Se morrer terá de ser que assim seja
E o meu significado para o bem será obediência

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