quarta-feira, 16 de março de 2011

"Eu só queria ser feliz"

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Efémera mocidade
Que invoca uma necessidade
Intrinsecamente explosiva
E quem sabe corrosiva
Esperemos que não se prenda
Nas teias de uma guarda
Que não quero que se ofenda;

Quem sou eu para os julgar
Para sempre nos vão guardar
Continuamos filhos depois de pais
E para eles sempre iguais
É um sentimento protector
Um aperto inexplicável
Tudo não passa de amor;

E lá vai o verde e jovem ser
Seus pais de medo a tremer
De avisos se vai cheio
Com tormentos de receio
Mas tudo se envelhece
E pequenos não perduramos
(pobre mãe que não se esquece)

É quase dia quando vem
Sozinho, mas com alguém
Numa curva se adivinhava
Já o mal que se esperava,
A mãe saltando do berço
Com uma fina pontada
Cai-lhe das mãos o terço;

Uma dor sufocante
Quase que delirante
Pobre filho, pois ele sabia
Tudo o que a mãe lhe dizia
De nada lhe valeu rezar
Tanta súplica, tanta prece
E só lhe resta agora chorar;

“Desculpa por não te ouvir
Mãe que sempre vi sorrir
Custa-me tanto o Adeus
Mas ver-te-ei lá dos céus,
Perdoa-me as asneiras que fiz
Não foi por mal, acredita…
Eu só queria ser feliz!”

Foi nesse dia de inverno
A partir de agora eterno
Que entendeu aquela voz
Dos pais que deixou sós.
A mão da mãe por fim largou
E deixando fugir uma lágrima
A luz dos seus olhos se apagou…

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