segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Natureza Justa

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Jaz agora o corpo á mercê do tempo
Despejado entre o silvado que o rodeia
O que outrora fora um homem jubiloso
Agora não passa de um saco de carne feia
Com um ar endurecido, macabro e assombroso;

O que foi o topo da cadeia, agora é o fundo
Servindo de banquete a necrófagos famintos,
De que te valeu a fortuna e toda a grandeza
Todo esse teu medo, todos esses labirintos
Para agora apodreceres como toda a natureza?

Pois é, deixou-te ficar mal o teu coração
Não esperavas tão estranho meio envolvente
Em que irias finalmente conhecer o teu fim
Não pensavas tu nisso quando essa gula demente
Te deixava a vontade de saciar num fernezim;

Imóvel, frio, inchado, podre e nauseabundo
Quem diria que o ser que todo se mexia
Era o mesmo que agora jazia entre o mato
E que se consumia de uma putrefacção esguia
Já poupado por um tempo deveras sensato;

Pobre homem que da terra te fizeste grande
Também ela merece o que toda a vida lhe roubaste
Mais justa morte não poderias tu vir um dia a ter
Que devolver á natureza o que para te fazer lhe tiraste
Uma justa e simples troca não qual tu tiveste de morrer.

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