quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Avó

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Avó, seus passos já caminharam mais largos
Agora curtos percorrem já cansados
As memórias daqueles tempos passados
Em que andar era brincar com a distância
Era louvar a infância do sonho apagado
Sonho e sonhos que ficaram nessas linhas
Vazias e nuas daquele caderno rasgado
Pela pobreza que tenho em lembranças minhas
Lembranças não vividas mas bem ouvidas
Dos seus filhos incluindo minha mãe
Boa vida não tiveram, dizem, culpa sua
Por quase ser verdade viverem na rua
Miséria vivida, miséria passada e esquecida
Males tapados e escondidos por bocas fechadas
Não interessa mais a esta vida envelhecida.
Avó que sempre aos outros quis dar mais
Digo apenas o que vi e senti, não vos zangais,
Deixou o seu lar a descansar em paz
Já lá viveu o que tinha a viver e a passar
Largue-se dessas pedras, deixe para trás
Há muito mais que meras pedras para se amar
E marido, filhos, netos, bisnetos agora esperam
Que abra os olhos e aceite a dura realidade
Que a vida foge e se aumenta a idade
Se eu não for antes avó, deixará saudade.

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