segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Desilusões

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Sentir bem ou bem sentir
Obedecer ao que se pedir
Sentir-se alguém
Que com a vida vive bem
Consigo mesmo a emergir
Das profundezas do mar
Que o afoga em mágoas
E nas lágrimas do seu chorar

Porquê nascer assim
Porquê tu o escolhido
Não te sintas ofendido
Por em ti ser posto o pé
De quem não tem fé
Ou até de quem acredita
Que é bom e não o é
Oh alma seja bendita

Não houve misericórdia
Dizes tu deitado em lamúria
Em desprezo e em fúria
Sem consenso nem discórdia
Pois não sabes porque nasceste
Nem porque o mal te aparece
Certo estou que recebeste
Uma bondade que perece

Assim és tu de alguém filho
Que te cria e ensina
Como uma espiga de milho
Que não sabe porquê ali
Nasceu e é cuidada
E um dia abandonada
Pelo caule que lhe deu vida
E agora a despedida

Só nos resta aceitar
Saber viver e respeitar
A diferença e a crença,
Aceita sem ofensa
O teu corpo e a tua alma,
Somos quem somos
Nem sempre o que fomos,
Vivem espelhos sem calma

Sem calma desesperados
Ou o teu reflexo apenas
Faróis apagados
Noites serenas
Deseja o dia e a luz
Para que se veja na cruz
Todas as tuas desilusões
Todas essas perdições.

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