quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Aranha

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Aranha que teces a tua teia
Tenebrosa obscura e vil
Preparas todo o dia a tua ceia
Sacias-te até do teu servil

Rede emaranhada de linhas
Pescam para ti sem piedade
Fazendo o trabalho que tinhas
Presas obedientes à tua maldade

Instintivos voos e passares
Que desconhecem o destino
Negridão ruim por andares
Ou tentares passar de fino

Não se escapa se perto se passa
Da casa da morte – sua estadia
Vida aqui, mera e escassa
Vida aqui, já pouca havia

Que papel tens tu aqui
Que pareces só fazer mal?
E o mal que vive em ti
Mais salgado que o sal?

Tudo tem a sua razão
Forma e motivo para existir
Roubando até a compreensão
Dos incapazes de discernir

Existe porque é vida
Vive e continuará a viver
Obtendo a sua comida
Apenas fazendo morrer

Porque tal mal existe?
Tudo é igual enquanto vivo.
Má fama a tua que agora assiste
Colada ao fundo do crivo

Tudo é predador tudo é presa
Alimentando-se e sendo alimento
Tudo serve para compor a mesa
Com o bem e com o sofrimento

Aranha não te julgues má
Somos tão ou pior que tu
Tudo isto vejo hoje cá
Vejo-o agora como um déjà vu

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