sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Cegueira

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Maior alegria que podemos ter
A alegria do mundo puder ver
Saborear o sumo das paisagens
Sentir as cores a formar relevo
O picar dos raios nas suas passagens
O azul das letras que agora escrevo
Divina luz que não sabe o valor
Pois só quando apagada sabe a dor

Vejo e faço-o ainda perfeitamente
Sei que hoje o mundo não me mente
Tento imaginar o viver no escuro
Abrir os olhos e a noite ser o dia
O poço da incapacidade perfuro
Por não sonhar sequer o que seria
Sentir a natureza e não a provar
Querer a pureza e não a alcançar

Cegueira maldita e mal vinda
Feliz por não a conhecer ainda
Feliz por isto conseguir escrever
Triste por alguns que o vêm bem
Desvalorizarem a capacidade de ler
Ignorarem o mal que por sorte não vem
Tranca-los numa noite sem fim
E todos como sós ficarem assim

Pior aqueles que não querem acreditar
Cegos d’alma que não querem enxergar
Pobres de espírito corrompidos pelo mal
Negando a própria luz do bom senso
Crendo que vêm mais e até igual
Que todos os que pensam o que agora penso
E penso o que penso porque reparo
Reparo porque não fujo mas sim encaro.

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