segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Nevoeiro

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Neblina, que me ofusca, matinal
Que encobre os raios do amanhecer
E me nega o calor do sol nascer
Humedece o meu corpo desigual
Desconfortando a alma alojada
E apagando a chama apagada

Nevoeiro que escureces a visão
Deturpas a realidade de tal maneira
Que chego a pensar estar à beira
E nem longe ainda estar da sensação
Em tocar e agarrar o meu objectivo
Que afastado de mim vive inactivo

Papel da noite imperando no dia
Fiel amigo este e conselheiro dela
Que dá aos sentidos a má sequela
Impedindo-os de o serem em demasia
Restringem-se a sê-lo apenas em nome,
Reles turvês que os passos come

No bosque da vida as trevas reinam
Com a inegável ajuda de seu criado
Impustor diurno e transfigurado
Onde as crias maldade nele treinam
Filhas obdientemente cegas a seu pai
Mal que depois de entrar, já não sai

Dificuldades e obstáculos não faltam
No íngreme caminho neste bosque
Em que por mais que a trave se enrosque
Não impedirá a luta que hoje exaltam
Meus seres pelo seu digno percurso
Como um rio, livre no seu curso.

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