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Aqui enxaguo pela tinta as minhas frases
Versos que conjugam diferentes fases
De um lírico pensar que me atordoa
E que tenho que aceitar por mais que doa
Penso e repenso cada palavra escrita
Exausto termino como que sugado fosse
Pela palavra que pelo céu não me é dita
Porque sei e em ti o escrevo meu caderno
Toda esta angústia que a alma me mói
De saber que este saber não é eterno;
Tento eu, exaustivamente, isso valorizar
Se não for mais, o que agora em ti escrevo
Se não for menos, pelo menos continuar
Desabafo nestas linhas o que de mim não sai
Elas são a chave d’uma fechadura perdida
São as guias de um contínuo tracejado
Que denunciam o meu próprio legado
Por mim lembrado numa voz esquecida
És o cofre onde guardo o meu integro vazio
És o poço onde se afoga a minha razão
Que sem sequer saber se quer, ter ou não
Morre, mesmo se eu tiver quem a quiser
Não consigo ser capaz de conseguir ser
Tudo o que o ilusório imaginário me dá
Tudo o que ao longe mantem o temer
É frustrante até escrever a dor que sinto
É doloroso saber que a mim mesmo minto
Sei então que me afundo no meu mundo!
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