quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Caderno

.
Aqui enxaguo pela tinta as minhas frases
Versos que conjugam diferentes fases
De um lírico pensar que me atordoa
E que tenho que aceitar por mais que doa
Penso e repenso cada palavra escrita
Exausto termino como que sugado fosse
Pela palavra que pelo céu não me é dita

Porque sei e em ti o escrevo meu caderno
Toda esta angústia que a alma me mói
De saber que este saber não é eterno;
Tento eu, exaustivamente, isso valorizar
Se não for mais, o que agora em ti escrevo
Se não for menos, pelo menos continuar

Desabafo nestas linhas o que de mim não sai
Elas são a chave d’uma fechadura perdida
São as guias de um contínuo tracejado
Que denunciam o meu próprio legado
Por mim lembrado numa voz esquecida

És o cofre onde guardo o meu integro vazio
És o poço onde se afoga a minha razão
Que sem sequer saber se quer, ter ou não
Morre, mesmo se eu tiver quem a quiser

Não consigo ser capaz de conseguir ser
Tudo o que o ilusório imaginário me dá
Tudo o que ao longe mantem o temer

É frustrante até escrever a dor que sinto
É doloroso saber que a mim mesmo minto

Sei então que me afundo no meu mundo!

0 comentários:

Enviar um comentário