terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Lavadeira

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Tu mulher, pobre lavadeira
Que lavas nessa água essa roupa
Suja pelas crias na brincadeira
Suja pelo homem que não poupa
E se destrói na bebedeira!

Sinto agora como é dura
E difícil essa tua vida
Parece que o bem não te procura
Ou até que dele andas fugida,
Pobre mulher, como és pura!

E esse esforço que parece em vão
Essa roupa que estás a lavar
Se romperá outra vez no chão
E voltar-se-á novamente a sujar
Sem ter por ti qualquer gratidão!

Sentes-te uma mulher sem valor
Que acarreta uma família
Sem qualquer carinho ou amor;
Como se fosses uma Tília
Na primavera sem flor!

E as marcas vão aparecendo
No teu rosto envelhecido
Marcas que vêm sendo
De um parceiro mal escolhido.
(A minha mão a ti te estendo!)

Sentado estou a olhar-te
E contigo irei permanecer
Ver as lágrimas molhar-te
E na tua cara correr
Raios de luz a enxugar-te!

Sabes que assim irás morrer
Sendo uma mísera lavadeira;
E eu mais não posso fazer
Do que estar á tua beira
Ver-te somente… sofrer!

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