quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Vaidade

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Os luxos imergem pelas caras
A estalar de alegria e desprezo
Não sabendo elas a agonia
Que é na pobreza estar preso;

O sapatear dos saltos entoa
No corredor do silêncio inócuo
Onde os olhares do meu tremor
Sabem perfeitamente o que foco;

Por mais que ignore a realidade
Não escondem as pessoas que são
Não escondem sequer o seu nojo
Por quem desgraçado esta no chão;

Não sei se têm culpa ou se é mérito
Do império da sua invejada nobreza
Que apesar do mistério da conquista
Não deixa de ser uma grande proeza;

Mergulhados em ouro até aos cabelos
Nem o mais íntimo escapa ao luxo
Ou o mais ínfimo pormenor estético
Que para a lama eu sem medo puxo;

Sempre de cabeça erguida essa gente
Que nem sente o que é ser diferente
O que é ser a escombreira da sociedade
Que sem essa vaidade assim não mente;

Não repudío a sua tamanha riqueza
Foram bens adquiridos com trabalho
Critico apenas os defeitos usufruídos
Sobre os que numa estrada são cascalho;

Haverá para sempre alguém como vós
Assim como nós alguém tem de haver
Sereis sempre o dia de um feliz sol
Seremos sempre o de um triste chover.

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