sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sinto

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Sinto por vezes que não sinto
Sinto que não sinto o que é bom
O que me deixa a embalar no tom
Da harmoniosa e quente melodia
Que sem eu me aperceber de tal
Da-me o lindo sol do dia
E a lua da noite por igual;

Sinto por vezes que não sinto
Que engano quem me rodeia
Que o mal faz de mim a ceia
De lamurias e de desassossegos,
Putrefacta dor que me envolve
Em amarrações e despregos
Dor que o repúdio não resolve;

Sinto por vezes que não sinto
Que não sou digno de ser feliz,
Não tenho hoje o que ontem quis
Não tenho o que sempre sonhei
Nem tão pouco sou alguém
Penso agora que nunca reparei
Que era menos que um ninguém;

Sinto por vezes que não sinto
Que minto na imagem que dou
E mostro ser quem eu não sou
Dói-me mais que tudo, ser assim
Odeio mentir sem me aperceber
Odeio isto não poder ter um fim,
O meu espelho não me conhecer!

Sinto por vezes que não sinto
Sentimentos puros de alegria
De tranquilidade e harmonia
Fluxo do sensível que bloqueia
Olhares calorosos que finto
E até a voz da verdade, alheia
Sinto por vezes que não a sinto!

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